Consciência Negra
- Máfia Catarina
- 20 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Para algumas pessoas não faz sentido ter o Dia da Consciência Negra, inclusive para alguns Negros. Uma das explicações é que esta pode ser mais uma forma de atrapalhar a inclusão, que agora tudo é racismo.
Mil desculpas para Morgan Freeman e Glória Maria. Meus irmãos de cor, mas EU não concordo. Este é um dia para de fato ativar a consciência, e infelizmente pela dor. Mas entendo que estas grandes referencias são apenas mais duas vítimas de um sistema que não permite a união ou triunfo do povo negro.
Esse sistema nos faz acreditar que de alguma forma estamos ERRADOS nesse mundo. Nos ensinam que cabelo liso é mais bonito, que o nosso sorriso ou gargalhada são exagerados, que a nossa religião é do mau. Nos alertam que, cores quentes ficam muito chamativas na nossa pele. Sexualizam nossos corpos e descredibilizam o nosso trabalho. Os fatos de violência histórica são incontáveis, e ainda temos lugares onde a escravidão esta longe de acabar, quem dirá o preconceito.
Um dia que celebra a Consciência Negra precisa existir para lembrar o quanto meus antepassados e irmãos lutaram para que EU pudesse, de forma livre, escrever este texto, mesmo que estas linhas não agrade quem está lendo. Um dia para recordar daqueles que foram mortos, agredidos, impedidos pelo simples fato de Ser.
Este dia precisa existir para que a sociedade lembre que ter mais melanina na pele ainda é carregar números e estatísticas injustas.
Este dia precisa existir até que cabelos crespos e pele preta não seja sinônimo de desconfiança, insegurança e incompetência.
Este dia precisa existir para que o mundo acorde e entenda que VIDAS NEGRAS IMPORTAM.
E este dia me faz lembrar que mesmo Preta, com educação e independência, EU não estou segura da violência racial, nem um pouco!
Eu quero ter filhos que tenham orgulho da sua origem, sem raiva.
Eu quero que meus sobrinhos tenham orgulho da sua aparência, sem medo.
Eu quero que meus netos tenham o seu amor próprio construído, sem incertezas.
Eu quero um lindo álbum de fotografias de família, sem dor pela cor.
Eu quero um mundo melhor que entenda que a grande beleza está nas diferenças.
Entendo que pra isso, a luta deve começar comigo! E eu estou disposta! Pois vale a pena!

Por: Heloísa Cardoso
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